sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Que das minhas feridas saia poder pra curar

Por muitas vezes, em longos períodos de tempo, minha mente flutua diante de situações normais e minhas reações ficam engessadas. Não parei para pensar. Não parei. Quando essa flutuação estranha acontece venho aqui. Lembro das idéias engavetadas e escrevo. Em uma sexta a noite, por que não?

Tanto tem acontecido por esses dias, tanto caos, tanta responsabilidade, tanta flutuação. Quanto mais me disponho a escutar mais histórias encontram meus ouvidos de variadas formas. Algumas vêm como confissão nos chats de conversa online da vida, outras alcançam meus ouvidos num almoço descontraído e tantas outras pergunto se poderia ouvir. Algumas duram horas, outras minutos e outras tomam meu coração nos textos da internet exatamente como esse. 

É certo que eu tenho as minhas feridas e cicatrizes que apenas Deus conhece. Elas são profundas e cascudas... Ah, se vocês soubessem. Quem vê a superfície realmente não entende e nunca compreenderá. Nem eu mesma compreendo, mas cada um sabe qual é a parte quebrada da sua existência. Aquele canto esquisito que escondemos, esquecemos e arquivamos junto com todos os sentimentos incômodos que não se esvaem se não forem encarados de frente. Todos nós temos sentimentos secretos que doem, resta saber o que fazer com eles.

Percebi que todo o sofrimento tem sim um propósito maior, seja este nos perder, nos encontrar, nos transformar ou matar algo dentro de nós. Nenhum sofrimento é vão mas não é sempre que conseguimos enxergar através dele. Não é sempre que entendemos que a tempestade tem um fim. Também percebi que é impossível colocar sofrimento na balança. As histórias que pude ouvir me soaram tão terríveis e distantes da minha realidade que eu jamais saberia reagir aquilo e talvez se tivessem acontecido comigo me seriam insuportáveis. No entanto, cada um tem sua medida pra dor, cada um reage de uma forma ao sofrimento.

Aprendi a pedir, diariamente, para que eu (ou quem está ao meu redor) possa olhar o sofrimento de maneira diferente. Aprendi que não adianta ser poupada nem entrar em uma redoma: quem não se machuca jamais vai saber o quão fantástico é o processo de cura de uma ferida. Quem não se submete às situações difíceis não amadurece. Hoje peço que das minhas feridas saia poder pra curar outras, que minhas experiências estranhas e tristes gerem esperança aos outros ao invés de dor em mim.

Enquanto aprendo a compartilhar as grandes pequenas dores que me doem, sigo encontrando feridas com potencial para curar. Cada hora "perdida" me lembra que nessa jornada não posso parar. Sou colecionadora de histórias, minhas ou dos outros, mas sempre cheias de feridas... por que quem precisa de médico e curativos são os se reconhecem doentes e estão frágeis. É para eles o poder de cicatrizar dores que sempre vem do Amor, aquele me foi dado primeiro. Esse Amor que cura é para os debilitados e miseráveis... quão grande é minha alegria ao receber diariamente e de maneiras inesperadas essas doses de cura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário