sábado, 10 de junho de 2017

Uma geração que esqueceu de amadurecer

Nós somos a geração que está cada vez mais perdida entre os sonhos dos nossos pais e os nossos próprios, entre sobrecargas ridículas e caminhos despedaçados que escolhemos seguir. Nós somos a geração que, de fato, não sabe se deve casar ou comprar uma bicicleta. Para nossos pais foi fácil escolher: em pouquíssimo tempo de casamento já havia um chorinho de criança dentro de casa. Nós não queremos filhos imediatamente, queremos estabelecer padrões de vida e queremos mais etiquetas; estamos ávidos buscando cada vez mais conforto. No outro extremo, estamos cada vez mais acomodados, indispostos a arriscar nossas próprias cabeças em prol daquilo que acreditamos.

Nós somos a geração que muda de ideia a cada novo lançamento, a geração que tem déficit de atenção nos relacionamentos, a geração que esqueceu que tem gente passando frio e fome na rua agora. Nós somos a geração que vive em função do fim de semana e vive de segunda a quinta em modo zumbi. Passamos mais da metade do nosso tempo diante de telas, comparando vidas perfeitas e reclamando em como esse país não vai pra frente enquanto pagamos pra outro fazer o trabalho da faculdade. É, meu filho, nós somos uma geração de gente mesquinha. Nós fazemos uma birra danada quando as coisas não acontecem do jeito que queremos: a única diferença da infância é que a gente não se joga mais no chão do supermercado. Nossos pais só pensavam na gente, mimavam a gente, davam tudo o que a gente queria e nos transformaram em pequenos monstrinhos.

Mas não se desespere. Esse mundo é grande demais pra acomodar só desgracera. É certo que não quero ser conhecida pela minha incapacidade de lidar com frustrações. Não quero torcer o nariz se minhas vontades não forem todas satisfeitas, amém. Não vai ser minha a vida que se disfarça de liberdade quando na verdade é escravidão, com um chicote elegante que amansa mais do que machuca.

Não se engana, amigo, eu também me sinto perdida no caminho às vezes. Achei que ao final da faculdade fosse fácil identificar os próximos passos, mas te conto um segredo: só piora. Aproveita seu tempo pra cuidar de gente, pra aprender com quem é diferente de você, pra ouvir histórias de gente mais experiente, pare de se cobrar tanto. Vai comer seu doce, vai tomar aquele café com seus amigos. Pelo amor de alguma coisa que você realmente ame: para de ser preconceituoso. Para de querer ser o dono da razão (viu, Marola?).

Aprende a enfrentar tudo aquilo que te deixa aterrorizado. Se você, assim como eu, às vezes teme o futuro e tem uma ansiedade danada que tudo se encaixe nos quadradinhos certos em algum momento da vida, não se anseie tanto. Às vezes a gente tinha que virar as peças no Tetris pra encaixar, lembra? Aprende a gostar de você sem precisar de aprovação alheia. Também aprende a mudar tudo o que precisa mudar e para de ser teimoso. Aceita também que cada um tem uma dificuldade, inclusive você. DESENVOLVE EMPATIA, POR FAVOR. Descobre aquilo que te faz palpitar, que te tira o fôlego, que te apaixona sempre. Vai fazer trabalho voluntário por que o mundo está precisando. Aprende a começar a amar pelos defeitos, eu te garanto que é um barato e você nunca mais vai conseguir amar de outro jeito. Ensina pra esse povo que diz que a gente não presta pra nada que a gente presta sim e está fazendo. Ninguém aqui nasceu pra ter a bunda quadrada de sofá.

Vai, meu filho, vai com Deus que o mundo é grande demais pra olhar pro próprio umbigo e ficar chorando por besteira. Vai, meu filho, voa. Para de querer complicar o que é simples. Fala pra ela que você não para de pensar nela. Chora sua dor, compartilha ela que diminui. Amadurece e me dá a mão nessa caminhada por que não precisamos ir sozinhos. Alegria só é real se compartilhada. licença poética pra terminar com citação de Into the wild, câmbio desligo 

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